sexta-feira, 27 de abril de 2012

Sentir o próprio corpo
com estranhas dores
Como se as de si
já não fossem o bastante

Mas no mundo tudo cabe
a galáxia é imensidão
E o que não posso ver
vive independente de mim

Cheios de boas vontades
mãos e pés se movem
levam para outro lado
levam para abaixo da terra

A escolha é trabalho
árduo, há vozerio
pelos descampados
Escuto a voz de mim

Nada quero ter
a não ser a liberdade
E poder ser contrária
a qualquer máscara

Minha vista se enubla
e um lago insurge
Contemplo o reflexo
no centro formado

Sinto o quanto sou
não podem as palavras
Todos não me virão
Todos não me darão a mão

O exato pontua a medida
Além da montanha
o deserto é ilusão
Abro-me à alegria

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Antes de há muito
já existia a poesia
Num sussurro do vento
E no toque de uma palavra

O urro descompassado
Abriu-se ao luar
E a noite caiu
Calentosamente coberta

Saiu-se ao caminho
o pé ante pé
pelas encostas, pelas
frestas e pelas veredas

O sorriso aceso
que faz morada
A flor erguida
no transpirar do orvalho

A partida de uma nova
chegada, o adeus do dia
O novo que chega para
depois acenar

O suspiro erguido
na vaguidão do tempo
A espera da caça
no descampado habitado

Há muito o silêncio
diz o indizível
E se colhe o dia
com o olhar no horizonte

quinta-feira, 12 de abril de 2012

É o poder da visão mais forte
sim, mais forte
E tudo é presença
bem perto, pertinho
Conjunto único
é inigualável
E posso sorrir
tão alegre

A fadiga não impede
é insuficiente
Ante a prova
que é a vida
E, assim, prosseguir
ir em frente
Os caminhos aparecem
andar novamente e de novo

É fácil amar
sentir-se em si e noutro
Pensar na complexidade
o simples diálogo
Em expansão se consome
é a harmonia de vozes
O mundo é casa perene
Acaba-se a construção

Muda o tempo
a terra gira
As lembranças confundem o sentir
Recordar é viver
Estar em si é fechar-se
Abrir-se para ver
Algo permanece indelével
É inexpugnável ser outra